... O Haiti é um país que carece de absolutamente tudo. Não temos sequer o direito de caminhar pelas ruas, pois não há energia elétrica. No entanto, embora a pobreza e as dificuldades sejam aparentes, somos um povo cheio de força e fé. Acreditamos e sonhamos com um Haiti soberano e feliz, sem pessoas morrendo de fome. Mas estamos cansados de discursos embusteados... Muito cansados....
Marie Contant, 37 anos, secretária da Embaixada brasileira em Porto-Príncipe, Haiti.
O país mais pobre da América se prepara para uma importante etapa da sua história. Com uma população de oito milhões de habitantes, o Haiti dará mais um passo em busca da democracia e do desenvolvimento. Marcadas, inicialmente, para novembro de 2005, e depois remarcadas várias vezes, as eleições presidenciais finalmente aconteceram ontem. O povo compareceu em massa!
No Haiti não existe luz elétrica, tratamento de esgoto nem saneamento básico. 70% da população está desempregada; 55% é analfabeta; 23% das crianças com até cinco anos sofrem de desnutrição crônica e 66% de anemia; doze mil crianças têm o vírus HIV (quatro mil nasceram com ele), e 462 mil são órfãs por causa da doença.
Embora o quadro pareça adverso, ainda existe uma imensa vontade de viver dos haitianos. Por isto, as eleições ganharam um caráter especial: a salvação. Segundo o presidente provisório, Alexander Bonifácio, o Governo e as tropas da ONU têm feito todos os esforços para garantir a segurança e a legitimidade desse processo democrático.
Seis pessoas morreram durante a votação e dezenas ficaram feridas.